quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Descendo a Serra




Estou descendo a serra. Depois de algum tempo em plenitude total, de ter tocado o sol e feito chover quando queria. De ter lutado contra a noite e perdido a guerra... eu estou descendo a serra. As vezes cego pela neblina... outras vezes de olhos fechados. Estou descendo a serra.

Existe um incômodo alívio no vento e no frio. A descida tem tantas curvas para se fazer que muitas vezes eu simplesmente me entrego as batidas. E não que me orgulho disto, mas perdi o pique da perfeição. Agora só me importa continuar descendo. E eu continuo. As vezes corro o olho procurando o que ficou para trás. Então percebo que o caminho se ofuscou tanto que nem mesmo o que se ver existe... a não ser uma turva neblina. Estou descendo a serra.

Abaixo não sei o que me espera. Acima eu deixei pedaços que ainda sinto falta em mim, mas, que não me  pertencem mais. No caminho tento ler as placas de conselhos e avisos, mas, verdade seja dita, acho muita presunção qualquer literatura de auto-ajuda. E assim sigo. Descendo a serra.

Existe um incômodo alívio no vento e no frio.

Um comentário:

  1. Lindo texto! linda musica!
    Lindas serras de MG... Acho q Humberto tava numa turnê por aqui quando escreveu essa musica!
    ;)

    Descer e subir a serra faz parte da vida... o importante é saber olhar pra trás e não perder a imaginação infantil, nua, crua e mirabolante da vida. A falta de puerilidade no olhar nos amargura, nos mata. Deixar a infantilidade se entrelaçar na adultecência deixa as curvas mais leves...mais bonitas... mais cheias de vida! ;)

    ResponderExcluir