carta para um morto...

Pará de Minas 19 de novembro de 2010

Olá Ney!

Hã... assim... eu já escrevi para vereadores, deputados, amores secretos, amores declarados, amigos, inimigos... mas... bom... eu nunca escrevi para um morto. Não posso deixa de comentar que estou um pouco sem jeito sobre como fazer isto... mas... me esforçarei pra fazer o melhor.

Já se passou um ano desde sua morte e a principal coisa que eu tenho a dizer pra ti é que aqui a vida segue. Cada um de nossos amigos continua conduzindo suas vidas, exercendo seus deveres e curtindo as coisas da maneira que acham melhor. Na verdade a sua existência saiu da matéria e se tornou lenda entre os nossos amigos. Agora é comum termos expressões do tipo: “certa vez o Ney falou...” ou “se o Ney estivesse aqui ele...” e assim por diante. Acho que isto torna a sua morte um verdadeiro sucesso, penso até que devíamos tê-lo matado antes (rsrsrs me desculpa... não resisti a piada). Seu irmão ainda ta tendo dificuldades para superar sua perda, porém, o tempo tem passado e de certa forma o ato de viver lhe vai dando forças para continuar. Nunca tive muita amizade com ele e isto não mudou. Sei dessas pelo Michel que sempre me da alguns detalhes.

Por falar em Michel a minha banda terminou o álbum que tínhamos começado. O nome do álbum é Vórtice temporal. É claro que você não iria gostar, é meio progressivo e você, com toda sua vaidade, só aceita punk ou jazz (convenhamos neh.. isto sempre foi ridículo). Você chegou a ouvir uma música neh... que pena... as melhores você não ouviu. Deu trabalho cara. Muito trabalho. Mas terminamos. Acho que já vendemos e doamos quase 200 cds! Rsrsrs Um recorde. Rsrsrsrs... Fizemos duas apresentações neste meio tempo. Uma numa festa particular de professores e outra no bar da Cláudia. Em ambas tudo correu bem, mas, destaco o show bar da Cláudia pois foi uma noite digna de perfeição. O bar lotou, as pessoas gostaram, a gente mandou muito bem, enfim... é claro que não recebemos nenhum tostão sequer (sem falar que ainda tivemos que pagar as bebidas que consumimos... aaaafffff)... mas foi uma noite que elevou muito o ego da banda. Recentemente temos ouvido boatos sobre a realização de um festival de bandas, mas que sinceramente, acho que não vai dar em nada.

Sobre as mulheres, bom... nem tenho muito que comentar. Você mesmo me amaldiçoou em seu leito de morte dizendo que nossa sina é ficar sozinho e até agora sua “profetização” tem dado certo. Rsrsrs... mas não estou mal ou triste com isto... na verdade estou passando por um grande momento. Reencontrei-me com a escrita, com o trabalho, com a música, família, sinceramente, estou num grande momento... relacionamento agora é apenas um sutil detalhe... quando tiver que acontecer... ele acontecerá. E já que estamos falando de mulheres, preciso te contar que conheci num show do pouca vogal na girus 2 gurias incríveis. Elas moram em contagem e a gente tem se comunicado por msn, um lance engraçado nelas é que elas meio que se auto-completam! Difícil de explicar, só conhecendo as duas pra tu ver. Seria, de certa forma, algo análogo ao que a gente era antes de você morrer. Tenho certeza que você iria adorar conhece-las.

Bom... não quero estender muito esta carta... (alias acho até que ficou maior do que eu esperava) então pra terminar eu simplesmente posso dizer que sinto muito sua falta. Não to falando isto com tom de tristesa... muito pelo contrário... falo com grande felicidade pois, sentir que você faz falta me faz ter a certeza que eu fui muito felizardo em ter estado ao seu lado. Obrigado por ter existido seu filho da puta do cú enrugado! (você não achou mesmo que eu iria lhe escrever sem usar nem um insulto neh??? rsrsrs).

Abração cara... e sinceramente... ficaria muito surpreso se você me respondesse (rsrsrs...)

Ronan

P.s.: é claro que eu não escrevo esta carta pensando que você vai lê-la. Você ta morto né... dãããã..... Fiz isto apenas pra publicar on-line como uma pequena forma de homenagem a nossa amizade... talvez pra frente eu lhe escreva mais...