domingo, 1 de julho de 2012

- deixe acontecer




Após um dia difícil, Dr. Robert ainda acordava para o mais um dia. Vestia seu uniforme e partia para o serviço. Apesar de anos de casamento, ele sentia um imenso peso da solidão. Não entendia o porque mantinha a aparência de que estava tudo bem, mas nunca conseguiu reunir coragem para dizer a verdade de seu coração. Ao sair na rua ele foi ofuscado pelo imenso brilho do sol de junho que lhe dizia: - deixe acontecer.


Eleonor nunca saia de casa. Desde muito tempo, após uma decepção amorosa, ela decidiu que só se relacionaria se tivesse a certeza que fosse a pessoa certa.... então, de forma invisível, ela criou uma barreira tão grande que ninguém conseguiu entrar... e nem ela sair. Um dia ela resolve olhar pela janela. E lá estava o sol de junho lhe dizendo: - deixe acontecer.


Para não sentir o peso do amor e as consequências, Michelle decidiu tratar a todos os relacionamentos como peças descartáveis. Assim ela colecionou muito sexo, bebidas, risos mas acordava dia após dia sozinha. Ela sempre achou que encontraria a solução para sua solidão assim que chegasse a noite. Porém, o que ela não percebia, é que sua solidão era matutina. Um dia, após uma baita ressaca, ela acordou com o sol de junho em seu rosto... e ele dizia: - deixe acontecer.

Daniel vivia anos em um relacionamento estável. Havia compreensão, havia carinho e muito respeito. Assim, ambos trabalhavam, saiam e voltavam pra casa dia após dia. Sentiam-se felizes... mas ele não sentia a magia. Um dia, sem querer, Daniel esbarra em uma guria que derruba sorvete em sua roupa. Em meio a confusão eles acabam trocando os celulares e para destrocarem começam a mandar mensagens um para o outro. No início parecia ser algo comum e inofensivo... mas o amor sempre é violento. Inunda o coração das pessoas sem pedir permissão.... e assim eles começaram a perceber que não poderia mais se afastar ou mesmo deixar de mandar simples mensagens de celular. Daniel tentou se afastar da guria... anos passaram... mas ele nunca a esqueceu. Ele nunca quis magoar os sentimentos de alguém mas já não sabia onde o sentido de seu mundo se encontrava. Um dia, ao acordar antes do relógio despertar, ele se deu conta que o sol de junho brilhava... e dizia: - deixe acontecer.

Lucy não tinha tempo para deuses, dinheiro ou sistema, mas acreditava demais em cada ser humano, em sua ciência e na conexão com a natureza. Nunca procurou uma recompensa, mas sempre gostava de praticar o bem. Passava noites escrevendo para amores secretos e o dia transformando seu sentimento em música. Acreditava na inocência e nunca ligou muito para etiqueta. Lucy viveu intensos amores, porém, nunca pelo tempo eterno que ela gostaria. Ela se orgulha de todos aqueles que passaram por sua vida, mas no final sempre a deixaram sozinha. Ela não os culpa. O amor está além do bem e do mal. Algumas vezes sentiu que a solidão seria sua única companhia, mas um dia, após uma tempestade de lágrimas, o sol de junho reapareceria e dizia: - deixe acontecer.



- deixe acontecer.

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